sábado, 24 de janeiro de 2009

Do Livro: Maria Fumaça que vem e que passa



MARIA FUMAÇA QUE VEM E QUE PASSA

Maria fumaça,
Que vem e que passa,
Vem e vai,
Vai e vem,
Num balanço
Que embala
No barulho do trem!
Passa e vai...
Viaja no tempo,
Onde a vida não está!

Os sonhos são vivos
E o presente é passado...
Em brasas acesas...
Da lenha que queima,
Soltando muita fumaça...
O amor retorna.
Onde o coração sofre,
O passado é presente!

Caçador que não caça,
Conta histórias.
Tomando cachaça
Na Maria fumaça...

O trem apita.
No infinito da vida,
Vai a Uberaba...
Balança, balança...
Lançando estrelas no ar
E nada passa!
Café com leite,
Pão com manteiga...
E sai fumaça, Que se vai, livre...
Piuuiií... e ao longe
Se vai, se vai, se vai...

De um vagão
Não pode passar ao outro!
Flores de agosto
Na paisagem da natureza...
Imagens de amizades vividas,
Lembranças
De um passado
Que apita e passa...
Deixando os corações
Num mundo
Sem fim!

Balançam os vagões.
Triste procissão...
E o ypê amarelo
Fica ao largo,
Nas doces lembranças,
Como uma sala de aula -
da escola da vida -
Onde a primeira professora
Também ficou...
Perdida no tempo,
Junto à nossa alma,
Balançando no passado,
Vivo e presente.
Dentro da gente!

O trem segue linhas
De caminhos perfeitos,
Não distorcidos
Pelos trilhos
Ou pelas regras da vida!
Solta a fumaça
Que vai para o alto...
Com estrelinhas-faíscas
Que iluminam a noite!

Mistura seu apito ao céu,
Avisando da chegada.
Saudosismos da vida...
Amassando o tempo
Na fuligem
Que no vento se vai...
Mas sempre estará
Em nossa alma!

Os corações
Ficam nos vagões
Da Maria...
E os amores vão
Pela fumaça,
Buscando outra vida,
No apito do trem!
Que nunca pára
De apitar...
Nunca passa
No vai e vem dos trilhos!
Segue sempre,
Sempre segue...
Balançando o vinho
Nas taças de cristal
Que não se quebram...

E no vagão do amor,
Esse caminho se perde,
Fica um para trás...
Outro aparece!
E os sonhos esquecidos
Voam pelas montanhas
Acordando as Marias...
Que divagam no céu
Dos pensamentos,
Passados e guardados...

Maria Fumaça
Que vem, apita e passa...
Como as amizades e amores
Ficam ou se vão,
Em fumaças no céu
Ou nas cinzas da vida!
Talvez nas lembranças,
Da Maria Fumaça...