sábado, 24 de janeiro de 2009

LIVROS EM REALIZAÇÃO

Trecho do Livro: Passageiro da vida



"Dona Alfredina era um
personagem à parte.
Diziam que ela morava
em um Hotel , solteirona
durante toda sua vida,
e que o cartório onde
estava registrada
sua certidão de nascimento,
pegou fogo.
E em um novo ato de registrar,
ela teria alterado sua idade.
De cinqüenta e tantos,
virou mocinha.
E a jovem anciã teria se tornado
de fato uma jovem nos documentos
e continuou a ensinar música
nos idos dos anos.
Mas tinha o problema
do peso da idade.
Ela não escutava bem.
E durante as aulas de canto
o deboche dos alunos ao desafinar
em falsete, de propósito, produzia
crises na mestra.
Ela parava de tocar seu piano,
levantava a cabeça ‘a procura no
espaço por algo que seus olhos
não mais permitiam ver,
e saia a cata do debochador desafinado,
sempre alguém eleito por ela mesma.
E sem a menor cerimônia lascava um
sonoro bufete na face do suspeito,
geralmente inocente do fato.
Os risos eram gerais.
Naquele tempo o professore tinha
os poderes maternais e patriarcais,
para aplicar a correção
que julgasse necessária.
Como os juízes de hoje em dia."

Do Livro: A versão dos fatos


PONTO DE VISTA

Segundo o dicionário do Aurélio,
podemos definir ponto de vista como:
“Maneira de considerar ou de entender
um assunto, ou uma questão;
óptica, perspectiva”.
De um modo prático, quando olhamos
para um objeto qualquer,
como por exemplo,
uma caixa de fósforos sobre uma mesa,
a visão de seu formato, s
erá sempre variável.
Irá sempre existir uma
visão que é a real, completa,
que representa de fato o objeto
e tantas outras quantas forem
os observadores e os ângulos
de visão dos mesmos.
Quem estiver à direita,
verá uma caixa estreita,
com uma cor escura para cima.
O que estiver a esquerda
verá uma parte larga com
o nome do fabricante,
assim por diante.
Mas a peça em observação será
sempre a mesma. E se tais pontos
de vista forem confrontados,
teremos a impressão que estão
sendo descritos objetos diferentes.
Porque isto ocorre?
A resposta é muito simples.
Toda observação depende
de onde o observador se posiciona
para avaliar o fenômeno e que
partes do objeto observado
estarão sendo visualizadas.
Se colocarmos vários observadores
num mesmo local e pedirmos
um relato sobre o que foi observado,
veremos que dificilmente
teremos duas descrições iguais.
Assim podemos ver que o ponto de vista
representa apenas parte de uma
realidade. Quem viu a caixa de fósforos
de um lado A, B ou C estará certo
ao descrevê-la pelo seu ângulo
e forma de visão.
Do mesmo modo, como na piada,
qual será o ponto de vista de uma
formiga observando um elefante?
Será uma visão fragmentada,
unilateral, de baixo para cima
e que não reflete o todo do
universo do elefante.
Diferente do que irá observar
um macaco por cima de uma arvore,
continuando com o repertório.
Mas ambos estarão corretos com
relação ao objeto, embora com
visões diferentes, parciais, permitindo
que cada um deles possa ter segurança
em garantir que o que alegam
seja um fato concreto, com toda certeza.
Um outro dado muito importante são
os sentimentos que o observador nutre
em relação ao objeto, que poderão conter
afeição ou rejeição, dependendo dos graus
de preconceitos envolvidos. Cada um adotará
a definição mais simpática e concordante
com sua formação cultural,
seus medos, anseios e desejos.
Por exemplo, se uma pessoa tiver
pavor de outra pessoa que use barba
e estiver avaliando alguma situação
que envolva uma pessoa barbada,
tenderá a emitir um julgamento desfavorável,
ou seja, uma visão contaminada por seus
preconceitos, que o induzirão a ter uma
opinião contrária a tal figura.
Nos anos sessenta quem usasse barba era
visto como contra-cultura, comunista ou
simpatizante de Fidel Castro.
Quem não gostasse de fazer a barba
por irritação na pele tinha que estar
sempre se explicando.
Um casal que se separa, dá-nos um exemplo
bem cristalino do que vem a ser esse
fenômeno que aqui citamos.
Cada um dos conjugues em questão,
terá sua versão sobre os motivos da
separação e serão sempre duas histórias
completamente diferentes, onde ambos
estarão corretos, só que o fenômeno
estará sendo observado por pontos
de vistas diferentes, como no caso
acima, da caixa de fósforos.
O que pode ficar bem claro numa situação
dessas é que se uma terceira pessoa que
avaliar tal situação, ela estará julgando
duas pessoas que têm razão, cada uma sob
sua ótica. E uma nova opinião será emitida
dependendo muito da imparcialidade e
isenção do terceiro personagem envolvido,
principalmente considerando-se que as
influencias produzidas são
multifatoriais, dependendo do indivíduo.
Minha filha mais nova um dia voltou
a um apartamento onde viveu durante sua
infância e exclamou:
- ”Puxa esse apartamento encolheu!”,
O apartamento era o mesmo,
só que ela cresceu e seu ângulo de visão
não era mais de uma criança com menos
um metro de altura, mas de uma moça bem alta.
Sua visão como observadora se modificou
e automaticamente o objeto observado tomou
novas dimensões, sem que a realidade
estivesse sido modificada com
relação ao tamanho real.

Do Livro: Retratos da Realidade


Brasil, país do futebol

Seres humanos são mortos como porcos,
nas periferias das cidades.

Pessoas incendeiam ônibus,
jogam pedras em incautos,
estão revoltadas e sem limites.

Alunos ameaçam professores e
matam colegas de escola.

A televisão ensina como
ser um criminoso esperto.

Filhos matam pais, sem nenhum remorso.
A família fica com as conseqüências.
A Sociedade também.

Direitos humanos são
para animais desumanos.

Quadrilhas de bandidos
são movimentos populares,
recebem verba Federal,
apedrejam, destroem,mutilam
e sorriem na televisão.

Inocentes recebem t
iros e ficam aleijados.

Corjas financiadas pelo
governo destroem
propriedades do povo.

Todas as guerras
são em nome de Deus.

Ladrões assaltam o país e
sorriem cinicamente.
Têm o direito de ficar calados.
Não devem explicações à Sociedade,
milhões são roubados,
causa nobre, nada pessoal.
Afinal carregar dinheiro em
cuecas é um hábito regional.
O Ministério Público vê e se cala,
como convém.
Crimes de milhões são intocáveis.
Se o ladrão roubar um pote
de manteiga, vai para a cadeia,
com certeza deve ser negro
e merece ser preso.

A Justiça tem vários pesos e medidas.
Depende do preço?
Um manda prender, outro manda soltar.
Qual dos dois está errado
e portanto deve ser punido
pelo seu ato ímprobo?
Nenhum, claro!
É assim mesmo, basta interpretar
a Lei a seu entendimento ...
O sub-solo brasileiro (ouro e diamantes),
propriedade do povo é escancaradamente
espoliado por estrangeiros.
Países do tamanho de Sergipe
têm a economia mais forte do mundo.
De onde aparece tanto dinheiro?
Da África, é claro!

A educação é primitiva.
A cultura inexiste.
È perigosa, traz consciência ao povo.
Bibliotecas são dispensáveis.
Bandidos presos em penitenciárias
determinam por telefone,
uma matança na maior cidade do Brasil.
Nada acontece.

Um Juiz mata, se a porta de um supermercado
foi fechada por um humilde funcionário.
Outro rouba a Previdência,
outros erram em decisões,
fazem o que querem e nada acontece!
Processos simples podem levar vinte anos.
Os que não cometeram crimes recebem
aposentadorias mágicas
num país de salário mínimo.
Seriam deuses ou astronautas da realidade?
Deuses, claro!

Vai para a cadeia quem não tem dinheiro,
quem tem, fica em casa,
embora possa ter cometido
o mais hediondo dos crimes.

Hordas invadem propriedades,
destroem pesquisas
de anos que beneficiariam o país,
invadindo o que querem.
O legítimo dono, tem que pedir
reintegração de sua propriedade,
fruto de anos ou vidas de trabalho,
que bandidos roubaram.
Um pouco mais e
teremos que pedir reintegração
de posse de um bem roubado e
indenizar os meliantes.
Pedindo desculpas, naturalmente.

A melhor empresa aérea do mundo,
brasileira, é sabotada e levada
à insolvência, enquanto o País
ajuda cucarachos hostis.

A burocracia paralisa o país.
Os impostos absurdos também.

Remédios ineficazes são
distribuídos ao povo,
dentro da assistência
médica de fantasia.
Tome dez comprimidos ao dia
ao invés de apenas um,
depois conte ao médico
que não colocou as mãos
em seu corpo e nem sabe seu nome,
como está se sentindo.

Carros de 7000 dólares fazem
parte da imaginação fértil,
todos se esquecem muito
facilmente do passado recente.

A mesma indústria, ganha
horrores e cartelizada
faz aumentos ao seu bel prazer.
Se não ganhar o que quer, demite,
não reduzindo seus preços e lucros,
como é feito em todos países civilizados.

E o governo diz amém,
o povo come brioches.

Bancos pagam um por cento de juros
ao seu dinheiro e emprestam o mesmo
recurso a mais de dez por cento ao mês,
dependendo das dificuldades do otário.
Processe um deles se for
lesado de algum modo.
Vai levar vinte anos e você
certamente será o culpado.
Você é o idiota e eles são os espertos!
Lucram bilhões em cima do sangue do povo,
sem pagar um centavo de impostos.

Para continuar roubando, as elites
liberam circos que o povo
sem cultura, engole.
Circo sem pão,
quem quiser pão,
ue vire ladrão.

E as religiões entorpecem o povo,
mentindo com seu Deus do metal nobre,
enchendo as burras dos pastores de dinheiro,
as ambulâncias são o iceberg do negócio,
afinal tem idiota que vota.
Jesus, o verdadeiro,
fica corado de vergonha,
pelo uso de seu Nome.

Crianças pedem esmolas e passam fome,
adolescentes se rebelam e tomam pela força,
o que deveria ser seu direito, com carinho.
Associam-se ao crime e
ao invés de brinquedos,
armas perigosas que matam inocentes.
E o futuro fica na lata de lixo,
próximo a sua morte precoce,
junto aos inocentes que os circundam.
Alguém tem coragem de colocar cadeiras na rua
e convidar o vizinho para festejar algo?
Não, com certeza serão assaltados.

As drogas estão disponíveis para quem quiser,
mas são proibidas, claro!
A Sociedade é séria.
E o tráfico, fica a cada dia que passa
mais rico e dono do País.
A Benção!

A maioria da população
usa álcool abusivamente
e a estatística desconhece
o fato e as conseqüências,
como mortes no trânsito, ou em casa,
assassinatos, estupros e
todo tipo de violência,
são atribuídas a outras causas.
Óbvio que a velocidade causa todos
acidentes automobilísticos,
diz a propaganda oficial.
Vejam na Alemanha como morrem pessoas
nas auto- pistas,
sem limite de velocidade.

Bandidos, cada vez mais
são os reguladores sociais,
fazendo o papel do
Estado omisso e corrupto.

A realidade se mostra
muito cruel e injusta.
Ninguém reage, não mais
nos indignamos,
o absurdo é normal.

O cidadão comum, paga impostos, e como paga!
Vota no imaginário das lindas propagandas,
paga IPTU, IPVA, imposto de renda,
juros para os bancos,
prestações com juros loucos,
multas de trânsito fora da realidade,
lucrativas, parte do orçamento
da falta de caráter
e vergonha, consórcios com preços
de carro irreais,
impostos sobre seus pensamentos
e ainda tem que colocar cercas elétricas,
sensores e pagar seguros.
Não pode ter uma arma para se defender
e ai de quem ofender física
ou moralmente um meliante!
Vai ter processo para responder
para o resto da vida.
Direitos desumanos.
Culpa da polícia!

E tome bola, com jogos e patriotadas!
Viva o Brasil, desfraldemos a Bandeira!
Qual o melhor jogador da seleção?
Aposto que você não sabe...

(Artigo publicado no Correio
de Uberlândia)